quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Morte Anunciada


Editorial: Urgência para investimento em transporte

25/01/2012 - O Globo

Sob regime de concessão, rodovias federais e estaduais de maior volume de tráfego no país devem, obrigatoriamente, seguir uma rotina de manutenção e conservação. Também as ferrovias sob concessão estão sujeitas a essa regras. Alguns investimentos estão previstos nos contratos de concessão. E outros são feitos por iniciativa dos concessionários, seja para viabilizar o aumento no volume de tráfego (que se reverte em crescimento no faturamento) ou reduzir custos de manutenção.

No entanto, mais investimentos, e urgentes, já se fazem necessários para atender à demanda por transportes. “Estamos no limite da gambiarra”, comentou o diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, a propósito do descompasso entre a evolução do montante de cargas transportadas (348% desde o ano 2000) e a malha de transportes. A rede de estradas asfaltadas aumentou somente 18% no período, e as ferrovias se estenderam em apenas 500 quilômetros.

Além de se expandir menos que o necessário, a malha de transportes sofre com gargalos crônicos. Exemplo disso é a falta de um anel ferroviário que contorne a cidade de São Paulo, permitindo aos comboios de carga chegarem mais rapidamente ao porto de Santos.

Como só podem trafegar em horários restritos, e atravessando áreas urbanas densas, os trens de carga levam quase um dia para percorrer os trechos dentro da capital paulista, pois têm a velocidade reduzida para cinco quilômetros por hora, quando o normal seria andar a 30 ou 40 quilômetros horários.

União, estados e até prefeituras de fato passaram a investir mais em transportes, buscando eliminar parte desses gargalos. Porém, esses investimentos poderiam ser multiplicados se contassem com maior participação dos concessionários de rodovias, ferrovias e portos.

Não é possível que o peso desses investimentos seja transferido de imediato para o valor das tarifas cobradas pelos serviços.

Uma das formas de se viabilizar tais investimentos seria o ajuste nos prazos das concessões, de acordo com as possibilidades abertas nos atuais contratos.

No Rio de Janeiro, isso foi feito pelo governo estadual com a companhia concessionária do metrô para permitir a compra de novos trens e a realização de algumas obras, o que, a partir do ano que vem, ampliará consideravelmente o número de passageiros transportados. O mesmo poderia ocorrer em relação ao transporte de carga. Esse tipo de ajuste não depende apenas da ANTT ou da Antaq, agências reguladoras dos segmentos de transportes terrestres, marítimos e fluviais. Trata-se de decisão política, que precisará ser tomada pela presidente Dilma.

Sem definições que acelerem investimentos, públicos e privados, nos diversos modais de transporte, o país corre o risco de viver um apagão logístico. Além da falta de infraestrutura física, os custos de transporte podem tirar a competitividade da produção brasileira.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Londres terá plataforma de trem à energia solar

04/10/2011

Londres deu início hoje ao que promete ser a maior plataforma de trens movida à energia solar do mundo. Um projeto multimilionário de recauchutagem de parte da lendária Blackfriars Station, na região central da capital britânica, instalará mais de 4.400 painéis solares sobre uma das plataformas.

A expectativa é que elas gerem energia suficiente para atender à metade da demanda energética da estação e ainda reduzam as emissões de gases-estufa em estimadas 511 toneladas de CO2 por ano.

Segundo o jornal britânico “The Guardian”, o retrofit será feito na plataforma Victoria Bridge, uma estrutura de 1886 que atravessa o rio Tâmisa.

Lindsay Vamplew, diretora da Network Rail's e responsável pelo projeto na Blackfriars, disse que as mudanças servirão como uma referência de sustentabilidade para outras estações de trens do mundo.

“A Victoria é parte da nossa história ferroviária. Foi construída no tempo do vapor. Agora, estamos trazendo a tecnologia solar do século 21 para criar uma estação ícone da cidade”, disse Lindsay ao jornal britânico.

Além de Londres, lembra o “Guardian”, a única plataforma de trens solar está na Bélgica. Construída no início deste ano, ela tem 16 mil painéis solares.


Fonte: http://www.revistaferroviaria.com.br/index.asp?InCdNewsletter=6377&InCdUsuario=40523&InCdMateria=14207&InCdEditoria=2

Novo VLT - acumuladores de carga rápida (ACR)

CAF mostra novo tipo de VLT na NT

19/08/2011

Clique para ampliar

A CAF vai apresentar durante a Feira Negócios nos Trilhos um novo e revolucionário modelo de VLT batizado de ACR - Acumuladores de Carga Rápida - capaz de operar sem catenária, sem terceiro trilho, sem alimentação pelo solo e sem baterias convencionais. O veículo - que já opera em Sevilha e em Saragoça -possui um pantógrafo que só se eleva durante as paradas, para uma carga rápida de 20 segundos. A carga é feita em uma seção de catenária com o mesmo comprimento do VLT. Uma vez carregados, os acumuladores dão ao veículo autonomia de 1.400 metros, mais que suficiente para chegar à próxima estação e carregar de novo. Um sistema de recuperação de energia na frenagem complementa a alimentação dos motores de tração. O ACR foi desenvolvido pela Trainelec, empresa do grupo CAF.

(Na ferrovia, a catenária é um sistema de distribuição e alimentação eléctrica aérea. Difere das distribuições de Alta/Média/Baixa tensão para permitir uma captação direta de energia do cabo por meio de um pantógrafo.)

VLTs sem catenária estão se tornando comuns em cidades européias que desejam preservar o aspecto visual de sua arquitetura. No Brasil, Brasília seria a primeira cidade a utilizar veículos, dentro do Plano Piloto. Uma licitação para quatro VLTs com esta característica chegou a ser realizada no ano passado e foi vencida pela Alstom, que ofereceu seu sistema APS -Alimentação Pelo Solo -utilizado em Bordeaux. A licitação da infraestrutura foi no entanto cancelada em abril último pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal, impedindo o fornecimento dos veículos. Uma nova licitação está sendo preparada e deverá ser lançada ainda no segundo semestre.


Assista o vídeo do ACR:


Fonte: Revista Ferroviária

http://www.revistaferroviaria.com.br/index.asp?InCdEditoria=13&InCdMateria=13808&pagina=1

Reforço de pavimentos com geogrelhas

A aplicação de geogrelhas tem trazido benefícios no controle da reflexão das trincas em pavimentos restaurados, em situações em que as técnicas convencionais não oferecem garantias, a menos que envolvam grandes custos. Essa técnica abrange pavimentos aeroportuários, rodoviários, urbanos, pátios de estacionamento, incluindo a restauração de pavimentos rígidos recapeados com camada asfáltica.

O recapeamento asfáltico simples é comumente o método mais usado para a restauração de pavimentos trincados. Porém, o desempenho dessa alternativa de restauração freqüentemente não é tão satisfatório quanto o esperado, visto que as trincas existentes no pavimento antigo podem se propagar pela nova camada asfáltica dentro de um curto período de tempo. Esse problema é tradicionalmente chamado de "reflexão de trincas", sendo uma das principais causas da deterioração prematura do pavimento.

A reflexão das trincas é provocada pela movimentação relativa dos trechos adjacentes às trincas, provocada pelos ciclos de contração e expansão térmica (figura 1a) e de carregamento repetitivo do tráfego (figura 1b, 1c, 1d), ou ainda por uma combinação dessas duas solicitações mecânicas.

Figura 1 - Solicitações mecânicas em um pavimento trincado

Uma variedade de novos materiais e métodos está sendo usada para retardar ou bloquear a reflexão das trincas, tais como o aumento da espessura de recapeamento, a modificação das propriedades da mistura asfáltica e a colocação de uma camada intermediária especial entre o antigo e o novo revestimento asfáltico. Este artigo se propõe a analisar a utilização de geogrelhas poliméricas como camada intermediária em um sistema anti-reflexão de trincas.

Geogrelha polimérica
A geogrelha é um material sintético de elevado módulo de rigidez à tração, com aberturas de malha que garantem uma perfeita interação entre as camadas asfálticas inferior e superior.

Figura 2 - (a) Padrão de trincamento nas vigas sem geogrelha, após 80 mil ciclos de carga; (b) Simulação numérica

Em um pavimento trincado, as extremidades das trincas são as regiões de maior concentração de tensões de tração (figura 2b). Essas tensões são as principais responsáveis pelo fenômeno de propagação (ou reflexão) das trincas. A geogrelha, posicionada sobre a extremidade da trinca, absorve parte das tensões de tração, minimizando o potencial de propagação (figura 3b). A parte remanescente das tensões gera um novo padrão de trincamento de baixa severidade e trajetória relativamente aleatória (figura 3a).

Figura 3 - (a) Padrão de trincamento nas vigas com geogrelha, após 500 mil ciclos de carga; (b) Simulação numérica

Esse mecanismo foi observado em laboratório por meio de ensaios dinâmicos de fadiga desenvolvido no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), em vigas de concreto asfáltico, com e sem a presença da geogrelha como camada intermediária, e comprovado por simulações numéricas (Montestruque, 2002). Nas vigas sem geogrelha, a trinca de reflexão surgiu após poucos ciclos de aplicação de carga. Sua ascensão ocorreu rapidamente e de forma vertical (figura 2). O ensaio foi finalizado com a ruptura das vigas, ao redor de 80 mil ciclos.Nas vigas reforçadas com geogrelha, a ascensão vertical da trinca de reflexão foi interrompida e, após vários ciclos de carga e descarga, um novo padrão de trincamento foi observado: microfissuras foram surgindo de forma aleatória, associadas à própria fadiga da massa asfáltica (figura 3a). O ensaio foi interrompido quando as trincas de menor severidade alcançaram a superfície, ao redor de 500 mil ciclos. Essas vigas, entretanto, ainda não haviam atingido a sua ruptura total, apresentando menores deformações plásticas do que as vigas sem geogrelha. As figuras 2b e 3b mostram as simulações numéricas desses ensaios, onde a cor vermelha indica a região de maior tensão de tração.


Propriedades das geogrelhas para reforço de asfalto
Para que uma geogrelha introduzida nas camadas de pavimento possa conceitualmente cumprir sua função de reforço, é imprescindível que:
Resista aos esforços impostos pelo tráfego dos equipamentos durante a instalação, bem como à temperatura de aplicação da capa asfáltica.
Apresente uma elevada resistência à tração, a fim de absorver parte das tensões de tração no concreto asfáltico.
Possua uma perfeita aderência com as camadas asfálticas, a fim de permitir uma distribuição e transferência de esforços de tração entre a geogrelha e o concreto asfáltico.
Seja resistente à fadiga, ou seja, possa absorver os esforços impostos pelas cargas dinâmicas do tráfego e pelas variações de temperatura, ao longo de toda a vida útil do recapeamento.

Figura 4 - Limpeza manual e mecânica Figura 5 -Aplicação da pintura de ligação na superfície para receber a geogrelha

As matérias-primas mais recomendadas para essa aplicação são o poliéster de alta tenacidade (PET) e o álcool de polivinila, por serem materiais dúcteis, resistentes à fadiga (mantêm suas propriedades mecânicas ao longo do tempo) e que não perdem resistência durante o processo de instalação. A fibra de vidro, por ser um material frágil, perde resistência durante a instalação e apresenta uma vida de fadiga limitada, tornando-se quebradiço após alguns ciclos de carga e descarga. O polipropileno (PP) e o polietileno (PE), por sua vez, podem apresentar problemas durante o lançamento da massa asfáltica com temperaturas superiores a 140oC.

Segundo Rodrigues e Ceratti (Abint, 2004), as geogrelhas poliméricas devem cumprir os seguintes requisitos mínimos:
Resistência à tração: ≥ 50 kN/m para uma deformação ≤ 12 % (NBR 12824).
Resistência à fadiga: ≥ 90 % de resistência retida após 100 mil ciclos carga/descarga.
Relação abertura da malha da geogrelha/diâmetro máximo dos agregados da mistura asfáltica: 2 ≤ d / φmáx ≤ 10.
Ponto de amolecimento > 180oC. Para garantir uma boa aderência com as camadas asfálticas, é importante que as geogrelhas sejam fabricadas com um revestimento betuminoso, compatível com o tipo de asfalto utilizado na obra.Além disso,as geogrelhas podem ser fornecidas com uma manta ultraleve de baixo ponto de fusão, impregnada com material betuminoso, para auxiliar o processo de instalação. Essa manta, entretanto, deve ser suficientemente leve para permitir a interação entre as camadas asfálticas inferior e superior, sem se tornar uma camada de descontinuidade.

Etapas da restauração de pavimento

A restauração de um pavimento pelo sistema de reforço com geogrelha segue, basicamente, os procedimentos normais de uma restauração convencional. A única atividade adicional com relação ao recapeamento simples é desenrolar a bobina da geogrelha (não requer mão-de-obra especializada). Algumas peculiaridades serão descritas a seguir:

Passo 1 : Preparo da superfície
A geogrelha deve ser instalada sempre entre duas camadas de materiais betuminosos (revestimento antigo - camada de reforço). No caso de se ter uma superfície não-betuminosa, esta deve ser coberta com uma camada betuminosa de regularização/ ligação.
A superfície deve ser preparada de modo a garantir a boa adesão entre as camadas subseqüentes de asfalto.
A superfície deve estar seca e limpa.
Trincas de 3 mm ou menos podem ser deixadas sem tratamento.No entanto, trincas maiores devem ser seladas com material betuminoso após a limpeza (figura 4)

Passo 2: Imprimação
A superfície preparada para receber a geogrelha deve ser impregnada com emulsão asfáltica com 70% de asfalto residual, com consumo mínimo de 0,5 l/m2. Para uma emulsão com 60% de asfalto residual, aumentar a taxa de impregnação em 0,1 l/m2. Em situações particulares como superfícies rugosas ou muito danificadas, esses valores devem ser aumentados (figura 5).

Passo 3: Instalação da geogrelha
A geogrelha deve ser desenrolada - diretamente no local definitivo - manualmente ou por equipamentos que não ofereçam risco de danos ao material, sem dobras ou rugas. Para se adequar a áreas com obstáculos ou descontinuidades (tampas de bueiro, por exemplo) a geogrelha pode ser cortada (figura 6).
Para um bom resultado da instalação, é recomendável que a geogrelha não fique exposta ao tráfego até que esteja coberta pela nova camada de asfalto. Caso seja inevitável a abertura do tráfego, deve-se verificar se o recobrimento betuminoso da grelha não foi perdido. Nesse caso, pode ser necessária uma segunda imprimação asfáltica.
Na direção longitudinal da geogrelha, as emendas entre mantas subseqüentes devem apresentar uma sobreposição de 25 cm, levando-se em consideração a direção de aplicação do asfalto para evitar o levantamento da geogrelha nesse ponto (figura 7).
Na direção transversal da geogrelha, para as emendas entre mantas adjacentes, uma sobreposição de 15 cm é suficiente. Caso a sobreposição for maior que 15 cm uma nova regagem com emulsão asfáltica de taxa mínima é recomendada.


Figura 6 - Desenrolamento mecânico e manual da bobina de geogrelha e adequação sobre áreas de descontinuidades


Passo 4: Execução da camada asfáltica
Para a execução da camada de asfalto, devem ser seguidos os procedimentos usuais de pavimentação.
A camada de asfalto sobre a geogrelha deve ser de pelo menos 4,5 cm.
Deve-se evitar que as juntas de pavimentação coincidam com as emendas da geogrelha, quando for o caso.
As máquinas necessárias na execução devem movimentar-se com cuidado sobre a geogrelha, para evitar movimentação do material. Devem ser evitadas freadas e mudanças bruscas de velocidade (figura 8).

Figura 7 - Sobreposição de geogrelha

Figura 8 - Equipamentos sobre a geogrelha na execução da capa asfáltica

Figura 9 - Procedimento de compactação convencional da capa asfáltica

Passo 5: Compactação
A compactação do asfalto reforçado deve seguir o procedimento usual (figura 9 ).

LEIA MAIS
Manual Brasileiro de Geossintéticos.ABINT. São Paulo 2004, págs. 295-319.

Contribuição para a elaboração de método de projeto de restauração de pavimentos asfálticos utilizando geossintéticos em sistemas anti-reflexão de trincas.
Tese de doutorado, Instituto Tecnológico de Aeronáutica. São José dos Campos 2002. G. E. Montestruque.

Guillermo Montestruque engenheiro da Huesker
guillermo@huesker.com.br

Flávio T. Montez diretor da Huesker
flavio@huesker.com.br

http://www.revistatechne.com.br/Edicoes/114/artigo29179-3.asp

Pista seca

Por Silvana Maria Rosso

Bom funcionamento do sistema de escoamento de águas pluviais preserva o pavimento e evita acidentes. Quando Tresaguet, Metcalf, Telford e McAdam – pioneiros das técnicas de pavimentação – descobriram a necessidade de se manter os leitos viários secos, surgiram os primeiros fundamentos que balizam até hoje a drenagem de rodovias. A água – a infiltração dela no pavimento – sempre se soube ser a principal causa de deterioração precoce do pavimento, demandando, desde então, cuidados específicos de projeto.

A drenagem consiste no conjunto de operações e instalações destinadas a remover os excessos de água das superfícies e do subleito da estrada. Visa coletar, conduzir e lançar, o mais rápido possível – e em local adequado – toda água que se origina, percorre ou atravessa a plataforma viária, "que possa comprometer a segurança do usuário, a estabilidade geotécnica do maciço ou a vida útil do pavimento", descreve o engenheiro civil Carlos Yukio Suzuki, professor doutor da Poli-USP, diretor técnico da Planservi, empresa especializada em projeto e consultoria. A drenagem evita a degradação da plataforma viária, prolonga a vida útil do pavimento, reduz os custos operacionais dos veículos e dos usuários, os índices de acidentes e preserva as propriedades lindeiras.

Por se tratar de um país tropical, onde as chuvas intensas ocorrem com freqüência, o Brasil registra muitos problemas de drenagem do pavimento. "A ação prejudicial da água pode ocorrer por meio de precipitações, das infiltrações, da condução através de talvegues, ou mesmo sob a forma de lençol freático", destaca o engenheiro Gabriel de Lucena Stuckert, responsável por normas e treinamentos do IPR (Instituto de Pesquisas Rodoviárias), do DNIT (Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes), do Ministério dos Transportes.

Os pavimentos bem drenados exigem gastos menores com manutenção e recuperação e resultam em uma maior vida útil que suas contrapartidas não drenadas. "São mais econômicos ao longo do tempo", ressalta José Leomar Fernandes Júnior, professor doutor do Departamento de Transportes, da Escola de Engenharia de São Carlos.

Riscos da umidade
A infiltração de água na estrutura do pavimento e a manutenção de níveis elevados de umidade no seu interior são causas importantes relacionadas ao desempenho insatisfatório do pavimento. "O resultado da exposição contínua à umidade tem como principais conseqüências a perda de rigidez das camadas de fundação com a saturação e a degradação da qualidade dos materiais pela interação com a umidade, culminando com a progressão dos defeitos de pavimento, em especial o trincamento do revestimento (tanto asfáltico quanto concreto de cimento Portland) e o aumento da irregularidade longitudinal com o tempo", justifica o engenheiro Marcos Dutra de Carvalho, especialista em pavimentos, da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland).

Cuidados
Correlacionar adequadamente a intensidade, a duração e o tempo de recorrência das precipitações pluviométricas medidas no local, estabelecer corretamente os seus tempos de concentração, e selecionar convenientemente os dispositivos de drenagem a serem implantados são os principais cuidados a serem tomados ao se projetar o sistema de drenagem. Para Stuckert, engenheiro do IPR, "a principal falha de um projeto é o dimensionamento hidráulico inadequado dos dispositivos de drenagem selecionados, incompatível com as descargas de projetos calculadas para os mesmos".

Dimensionamento
O projeto adequado de um sistema de drenagem subsuperficial de pavimentos deve cumprir as seguintes etapas: determinação do volume de água que infiltra na estrutura; dimensionamento hidráulico da camada drenante (determinação da espessura e do coeficiente de permeabilidade do material empregado); dimensionamento dos drenos longitudinais subsuperficiais coletores, incluindo a definição do espaçamento entre as saídas d'água.

A vazão prevista, decorrente da infiltração pelo revestimento, deverá percolar através da camada drenante, de forma que não seja atingida a saturação, e ser coletada pelos dispositivos adequados (drenos longitudinais de borda ou transversais). Para que isso ocorra, é necessário o controle das características geométricas e geotécnicas de cada camada, garantindo-se o escoamento através do conceito da hidráulica dos meios porosos.

A atribuição de um sistema de drenagem subsuperficial adequado tem influência significativa na determinação da espessura necessária para a estrutura de pavimento. "No entanto, o método do DNER/DNIT não faz nenhuma menção direta acerca da influência da umidade excessiva no dimensionamento do pavimento, apenas observando quanto ao posicionamento do lençol freático, que deve estar rebaixado a pelo menos 1,5 m do topo do subleito pela instalação de drenos profundos", diz Carvalho, engenheiro da ABCP.

Conforme Angela Martins Azevedo, mestranda na Poli-USP e engenheira da Planservi Engenharia, "análises de desempenho desenvolvidas com o modelo apresentado no método da AASHTO/1993 indicam a sensibilidade quanto aos efeitos deletérios da drenagem". De acordo com o método, para o dimensionamento do pavimento é necessária a atribuição de um coeficiente associado ao desempenho previsto do sistema de drenagem subsuperficial. Normalmente, adota-se que esse será "bom" ou "muito bom". No entanto, ela enfatiza, caso não seja verificada a compatibilidade entre os materiais (suscetibilidade à água, granulometria e permeabilidade), corre-se o risco de não haver continuidade para o escoamento da água e desta não alcançar a camada drenante/dreno subsuperficial. O desempenho do sistema, portanto, não será aquele esperado no dimensionamento.

Para pavimentos asfálticos, a variação da vida útil estimada pode ser da ordem de 50%, caso o sistema de drenagem subsuperficial não trabalhe de forma adequada. Podem ser obtidas, ainda, variações mais significativas da vida útil, entre 75% e 90%, em análises considerando péssimo funcionamento dos dispositivos de drenagem subsuperficial, provocado, por exemplo, pela incompatibilidade hidráulica dos materiais constituintes, tanto da estrutura do pavimento quanto da drenagem (restringindo o escoamento da água no interior do pavimento de forma que esta fique acumulada).

Caso o sistema de drenagem subsuperficial seja ineficaz, o desempenho da estrutura de pavimento fica comprometido. Dessa forma, não basta apenas dotar o pavimento do sistema de drenagem subsuperficial e atribuir um coeficiente supostamente adequado ao dimensionamento para que ele seja considerado drenante. "Uma análise hidráulica do sistema proposto agrega à estrutura que será implantada as características de drenagem esperadas pelo projeto", afirma o engenheiro Suzuki, professor da Poli-USP. Segundo ele, o dimensionamento de sistema de drenagem subsuperficial deve considerar as características físicas e hidráulicas dos materiais previstos e verificar a continuidade hidráulica do sistema, com o objetivo de estabelecer de forma racional os coeficientes a serem utilizados no projeto de pavimentação.

SP-70 – Rodovia Ayrton Senna
Trecho: São Paulo–Guararema
Cliente: Dersa
Projeto: Planservi
Data: anos 80
Pavimento: tipo asfáltico semi-rígido
Escopo: drenagem da água livre, proveniente de infiltração pelas trincas superficiais, através de dispositivos de drenagem superficial, profunda e subsuperficial.

SP-348 – Rodovia dos Bandeirantes
Trecho: Campinas–Limeira
Pavimento: tipo asfáltico invertido
Cliente: AutoBAn
Projeto: Planservi
Data: anos 90
Escopo: drenagem da água livre infiltrada pelas bordas do pavimento, por meio de dispositivos de drenagem superficial, profunda e subsuperficial.


http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/126/imprime61998.asp





Selagem asfáltica de fissuras de pavimentos

Todas as estradas, rodovias e ruas necessitam de manutenção para manter suas condições operacionais, pois sofrem constante deterioração devido tanto ao tráfego como a fatores ambientais.

Uma das técnicas de manutenção preventiva largamente utilizada em países Europeus e nos Estados Unidos é a selagem de trincas, empregada para evitar a infiltração de água ou material particulado, o que contribui para preservar a integridade estrutural do pavimento – a água que eventualmente infiltra atinge as camadas inferiores, afeta as bases e/ou sub-bases, gerando um processo de perda de capacidade portante e elástica dos materiais.

O selante à base de asfalto, enriquecido com polímeros e aditivos, permite a liberação do tráfego 30 minutos após ser aplicado, devido à grande aderência e recuperação elástica.

Esse processo de selagem de trincas reduz a taxa de deterioração do pavimento, o que reflete na extensão da sua vida útil. Caso os reparos com essa técnica sejam feitos tão logo as trincas se manifestem, consegue-se postergar consideravelmente as necessidades de aplicações de camadas de reforço.

Sobre o pavimento

A camada de revestimento de um pavimento flexível consiste de uma mistura de agregados minerais e materiais betuminosos, sobreposta à camada de base (Figura 1). A mistura empregada deve apresentar estabilidade e flexibilidade compatíveis com o funcionamento elástico da estrutura.

Além dessa função, de componente estrutural, a base deve ser projetada para:
Resistir às forças abrasivas do tráfego
Proporcionar uma superfície resistente ao tráfego dos veículos
Proporcionar um rolamento suave e uniforme ao tráfego
Reduzir a penetração de água superficial no pavimento

A escolha do tipo de revestimento é uma questão econômica e técnica. Segundo o Manual de Asfalto, do Instituto de Asfalto, revisado em 2002, a manutenção de pavimento é definida como o trabalho de rotina realizado para manter o pavimento em condições normais de tráfego e, tão próximas quanto possível da sua condição inicial assim que construído.

A manutenção, além de preservar a superfície do pavimento, evita o desgaste acelerado. Não deve ser considerada um expediente temporário, mas um investimento na estrutura do pavimento e garantia contra sua custosa renovação.

A selagem temporária de fissuras e trincas com asfaltos emulsionados ou diluídos, não-elásticos, tem sido a solução mais utilizada, que apresenta eficiência apenas quando o pavimento permanece estável. Na ocorrência de expansão, contração ou deslocamentos verticais excessivos, o desempenho da selagem diminui bastante, o que demanda nova selagem. Embora o custo do produto (emulsão ou solução asfáltica) seja relativamente baixo, a freqüência constante de se refazer o trabalho devido à pouca vida útil dessa selagem, muitas vezes menor que seis meses, acaba inviabilizando a prática. Nesse caso, o uso do asfalto modificado com polímero elástico (Figura 2), mais resistente às movimentações do pavimento, mantém a selagem por um período mais longo, dependendo do pavimento e das técnicas de aplicação, por até quatro anos.

Embora sejam, inicialmente, de utilização mais cara, os selantes de asfalto modificado permitem de fato a economia de mão-de-obra e tempo, podendo ser, em longo prazo, de custo relativamente menor.


Evolução das fissuras e trincas no pavimento

Processo de deterioração do pavimento

As trincas surgem de várias formas (Figuras 3, 4 e 5). Em alguns casos, o simples preenchimento das trincas pode ser suficiente; em outros, pode ser necessária a instalação de drenagem antes da selagem para evitar a pressão negativa, havendo a necessidade de se abrir a fissura com uso de uma fresa. Para o reparo adequado cabe determinar, previamente, as causas do trincamento.

O pavimento pode trincar ou fissurar por:
• Fadiga do revestimento
• Compactação deficiente
• Reflexão de trincas subjacentes
• Contração/dilatação do revestimento
• Diferença de rigidez entre materiais
• Junta de construção mal-executada
• Drenagem deficiente ou inexistente
• Má ligação entre a superfície do pavimento e a camada subjacente

Etapas de execução

Preparação da superfície
Primeiramente são demarcadas as fissuras e trincas longitudinais e transversais do pavimento rígido ou flexível, por um levantamento visual. As trincas que formam blocos só podem ser tratadas com dimensões mínimas de 0,5 m x 0,5 m. As fotos acima mostram as fissuras e trincas em pavimento flexível e rígido.

No Brasil, dois métodos de selagem são utilizados:
Sem fresa – consiste simplesmente na limpeza das fissuras e trincas e seu enchimento com selante asfáltico sem a abertura da fenda. Posteriormente executa-se o revestimento asfáltico sobre a selagem, que irá proteger contra a abrasão dos pneus dos veículos. É usado para reparos da concessionária SP Vias.

Com fresa – as trincas e fissuras são abertas com uma fresadora, para que fiquem com 1 cm de largura e 1 cm de profundidade. Dessa forma, a área de contato passa a ser maior, pois cria-se um reservatório no pavimento. A selagem torna-se mais eficiente, pois a aderência entre o selante e o substrato é maior. É usado para reparos da Autoban e Nova Dutra.

Etapas comuns aos dois sistemas

O selante asfáltico é aquecido com fogo indireto (caldeira com banho térmico ou colchão de areia de aproximadamente 3 cm), a uma temperatura de aproximadamente 190ºC

Etapas de execução

Descrição do produto

Esse selante asfáltico é composto de cimento asfáltico modificado com adição de elastômeros de última geração, que conferem ao produto alta aderência, alongamento com memória elástica, resistência à fadiga para suportar as movimentações do pavimento e resistência às intempéries. O produto deve atender à norma ASTM D5329.

Para a selagem de fissuras e trincas deve-se utilizar sempre materiais elásticos, isto é, que tenham memória de retorno, pois as fendas se movimentam constantemente por causa de ações mecânicas e/ou térmicas.

Campo de aplicação

É indicado na selagem de fissuras e trincas em pavimentos flexíveis ou rígidos para impedir a entrada de água e outros materiais particulados, visando aumentar a vida útil do pavimento, além de tratamento de juntas de dilatação e encontros entre pavimentos e tabuleiros de pontes.

Conclusões

As estradas se deterioram lentamente nos primeiros anos de operação. Porém, ao fim de sua vida de projeto a deterioração é mais acelerada. Está comprovado que a selagem de trincas retarda a necessidade de reparos, uma vez que a velocidade de deterioração do pavimento, devido à infiltração de água e material particulado, será reduzida ou eliminada. Pavimentos que recebem manutenção periódica terão certamente maior durabilidade e propiciarão maior segurança ao tráfego, uma vez que apresentarão menos problemas. Esses benefícios certamente não são ignorados pelo público usuário. Os benefícios diretos da execução de manutenção preventiva com a selagem de fissuras e trincas do pavimento são traduzidos pela contribuição positiva para a vida útil do pavimento, adiamento de serviços onerosos de recuperação e reconstrução, contribuição para melhor dirigibilidade e maior segurança e meio econômico de proteção do investimento.


http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/110/imprime19305.asp

As pedras no caminho

Minerais encontrados pela primeira vez no Brasil já são 54
© Tatiana Dias Menezes
Matioliíta_

"Nasceu!”
Daniel Atencio disparou um e-mail com esse título no dia 2 de novembro de 2010 para comunicar, como ele explicou em seguida, “o nascimento de minha décima segunda filha, carlosbarbosaíta, que veio fazer companhia a chernikovita, coutinhoíta, lindbergita, matioliíta, menezesita, ruifrancoíta, footemineíta, guimarãesita, bendadaíta, brumadoíta e manganoeudialita”. Professor do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP), Atencio tinha acabado de receber uma mensagem da Associação Mineralógica Internacional aprovando seu pedido de registro do novo mineral, o 54o encontrado pela primeira vez no Brasil e sem registros em qualquer outro país. Novas espécies de minerais, chamadas minerais-tipo, aparecem agregadas a minerais de valor comercial, as gemas, como topázio e turmalina, comuns em Minas Gerais. Só duas gemas, porém, o crisoberilo e a brazilianita, tiveram o registro inicial feito no país.

Novos minerais exibem composições químicas ou arranjos atômicos inusitados, inicialmente sem aplicações comerciais. São encontrados com frequência em rochas ígneas conhecidas como pegmatitos, formadas nas últimas etapas da cristalização do magma no interior da Terra. Das primeiras fases do resfriamento de um magma, resultam rochas e minerais mais simples e homogêneos. À medida que o magma cristaliza, os elementos químicos mais raros formam uma espécie de sopa residual. Em um segundo momento, esse líquido residual se solidifica e dá origem aos pegmatitos, muitas vezes ricos em fosfatos. No Brasil, uma das áreas mais ricas em pegmatitos – e, portanto, em novas espécies de minerais – é o leste de Minas. Em Divino das Laranjeiras, um dos municípios dessa região, foram encontradas quatro, incluindo a atencioíta, mineral marrom caracterizado pelo russo Nikita Chukanov, e a brazilianita, uma gema de cristais amarelo-esverdeados. Da vizinha Galileia saíram 10 minerais novos.

Desde dezembro de 2006, quando saiu de uma pedreira vizinha a um campo de futebol do município de Jaguaraçu, leste de Minas, a carlosbarbosaíta fez um percurso que mostra como encontrar novas espécies de minerais combina pa­ciência, amizade e muita colaboração entre especialistas não acadêmicos e acadêmicos. Luiz Menezes, engenheiro de minas, colecionador e comerciante de minerais que coletou o que lhe parecia ser um novo material, fez as primeiras análises em um microscópio eletrônico da Universidade Federal de Minas Gerais. Como não pôde ir adiante, mandou sua amostra para a USP. Atencio examinou-a por raios X, confirmou que se tratava de uma espécie nova de mineral, mas também não conseguiu avançar: os cristais de 50 x 10 x 5 milésimos de milímetro eram minúsculos demais, dificultando as análises. Pela mesma razão, durante quatro anos, pesquisadores da USP de São Carlos, do Canadá, da Rússia e dos Estados Unidos que entraram na história avançavam pouco, até que, em abril de 2009, Mark Cooper, da Universidade Manitoba, Canadá, conseguiu um equipamento de raios X que finalmente completou as análises, elucidando a estrutura atômica do mineral, cujos cristais formam longas agulhas ricas em óxido de urânio e nióbio.

A pedido de Menezes, Atencio escolheu o nome para o novo mineral, em homenagem a Carlos do Prado Barbosa, engenheiro químico e colecionador de minerais falecido em 2003 que participou da identificação da bahianita, reconhecida como novo mineral em 1978, e da minasgeraisita, de 1986. Geó­logos vivos também são homenageados, embora, como os biólogos, não possam pôr o nome deles próprios em espécies novas que descobrirem.

A menezesita, mineral rico em bário, zircônio e magnésio, ganhou esse nome em reconhecimento ao trabalho de Menezes, que mora em Belo Horizonte e vive enviando coisas interessantes para geólogos. Reconhecida em 2005 e publicada em 2008, a menezesita apresenta uma estrutura atômica similar à de um composto que havia sido sintetizado em 2002 para combater o vírus causador da Aids.

A luz dos minerais – A coutinhoíta, mineral amarelo como o enxofre, um silicato de urânio e tório, que Atencio e Paulo Anselmo Matioli, geógrafo formado pela Universidade Católica de Santos, trouxeram de Galileia, Minas, é outro exemplo de gratidão aos pioneiros – neste caso, a José Moacyr Vianna Coutinho, professor da USP que, no final dos anos 1950, ao voltar da Universidade de Berkeley, Estados Unidos, disseminou no Brasil o uso da microscopia polarizadora, que indica o desvio da luz e, a partir daí, as estruturas atômicas, facilitando a identificação de minerais no Brasil. Como resultado, ele participou da caracterização de nove dos 16 novos minerais brasileiros identificados nos últimos oito anos, incluindo a carlosbarbosaíta. “Ajudo sempre que posso”, diz Coutinho, aos 86 anos, ainda assíduo em sua sala no Instituto de Geociências da USP.

“Coutinho, além de um olhar fantástico no microscópio, tem uma habilidade imensa para desenhar cristais e orientações ópticas dos minerais”, diz Atencio, mostrando os desenhos de artigo de 1999 em que eles e outros colegas descreveram a hainita, de Poços de Caldas, na divisa de Minas com São Paulo. Em outro canto da estante de metal estão as amostras de sílex que Atencio coletou aos 10 anos de idade de uma obra próximo à sua casa em São Bernardo do Campo, em um episódio que o fez escolher mais tarde ser geólogo.

Duas por ano – Muitos minerais novos são encontrados em apenas um lugar, mas um mineral avermelhado com um dos nomes mais difíceis de pronunciar, tupersuatsiaíta, já tinha sido identificado na Groenlândia e na Namíbia antes de 2005, quando Atencio, Coutinho e Silvio Vlach, também da USP, relataram que o haviam encontrado em Poços de Caldas. Às vezes, a descrição oficial de uma nova espécie de mineral concilia descobertas paralelas. É o caso da bendadaíta, mineral de cristais alongados esverdeados encontrado em Portugal, no Brasil, no Chile, em Marrocos e na Itália, que geólogos de sete países – Áustria, Alemanha, França, Rússia, Austrália, Brasil e Estados Unidos – apresentaram em junho de 2010 na Mineralogical Magazine.

“Às vezes é mais fácil colaborar com pesquisadores da Rússia e da Alemanha do que daqui”, diz Atencio. Segundo ele, a principal razão é a escassez de especialistas na identificação de minerais – menos de uma dezena no Brasil, enquanto a Itália abriga cerca de 200 e a Rússia, bem mais. Mesmo assim, o número de novas espécies de minerais identificadas originalmente no Brasil está crescendo. Até 1959 havia no país apenas 19 espécies de minerais consideradas válidas, a maioria descrita apenas por estrangeiros. De 1959 a 2000, a comissão de novos minerais da Associação Mineralógica Internacional reconheceu 18 espécies novas, com uma média de 0,43 por ano, e nos últimos oito anos, outras 16, subindo a média para duas por ano. Segundo Atencio, o Brasil está entre os países em que atualmente se descobrem mais minerais novos, quase sempre próximo dos Estados Unidos. A Rússia é o país onde mais se descobrem minerais novos.

Não é só por falta de especialistas que as descobertas não proliferam. Nas pedreiras, um procedimento comum é tratar as gemas, de valor comercial, com banho de ácido, para remover as impurezas, que incluem possíveis novidades. Os interessados em novos minerais às vezes conseguem chegar antes do banho de ácido. Outro problema é a transformação do espaço. Atencio conta que em 1991 descreveu com Reiner Neumann, o primeiro estudante que orientou, Antonio Silva e Yvonne Mascarenhas, seus colaboradores do Instituto de Física de São Carlos da USP desde os anos 1980, minerais raros de urânio, encontrados em Perus, no município de São Paulo. “Devia ter muito mais”, diz ele, “mas o Rodoanel cobriu tudo”.

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O PROJETO

Minerais novos do Brasil: caracterização cristaloquímica e síntese – nº 2009/09125-5

Modalidade
Linha Regular de Auxílio a Projeto de Pesquisa

Co­or­de­na­dor
Daniel Atencio – IG/USP

Investimento
R$ 79.750,75


http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=4349&bd=1&pg=1&lg=

Isolamento Térmico

É importante ter bom isolamento térmico na sua casa. Se o tivermos no inverno não teremos perdas de calor e no verão a casa ficará fresca.aqueça demasiado. O sistema de isolamento térmico deve ser planeado durante o período da construção da sua habitação. Para que não haja perdas de calor nos canos ao transportar a água, estes devem ser instalados nas paredes interiores que dividem a casa. Durante a construção da casa também é conveniente aplicar placas de poliestireno expandido (o chamado esferovite), aglomerado negro de cortiça ou lã de rocha nas paredes de modo a isolar a sua habitação tanto da estação fria como da estação quente. Por outro lado se a casa já está construída, há algumas coisas que se pode fazer para remediar a situação.

Telhado

O sótão deve ser a primeira área a proteger, pois se o ar quente sobe, o sótão deve estar bem protegido pois a probabilidade do calor sair por esta divisão é muito alta. Para fazer o isolamento térmico do sótão a melhor forma é começar por isolar o piso. Se o sótão for habitado, é preciso fazer o isolamento do telhado. Para iniciar esta tarefa deve aspirar totalmente toda a área para depois começar a trabalhar. Se a estrutura for constituída por madeira, convém verificar se está danificada com caruncho. Verifique o estado do telhado, para que não haja eventuais infiltrações de água danificando deste modo o material isolante. Se precisar deve proceder à substituição das telhas partidas e compôr alguma que esteja fora do lugar. Depois, no interior, cubra o telhado com lã de rocha, placas de cortiça ou de esferovite, sem deixar quaisquer frestas. Deve ter em conta de que quanto mais espesso for o material, mais eficaz será o isolamento térmico. Se preferir pode optar por colocar um tecto falso já isolado.

Portas e janelas

Uma forma de isolamento é calafetar as portas e janelas com fita de espuma sintética ou de borracha autocolante ou com massa de silicone. Coloque-as ao longo dos caixilhos. Outra opção é usar fita metálica, esta fita tem uma maior durabilidade do que a fita de espuma ou borracha. Para calcular a espessura necessária, ponha um pedaço de plasticina na zona a calafetar e feche a porta ou a janela, depois volte a abrir e retire a plasticina. Desta maneira consegue medir a espessura adequada. Deve limpar bem a área a isolar antes de iniciar a tarefa. Se optar por usar fitas de isolamento, estas não podem estar dobradas ou tortas. Deve ter cuidado ao colocar a fita, esta deve ficar direita e bem colada para que não se descole quando a porta ou janela se abrirem. As pontas da fita devem estar bem ajustadas aos cantos dos caixilhos. Se escolher a massa de silicone, esta deve ser colocada em todo o caixilho, depois cubra a massa de silicone com uma fita larga ou com papel de alumínio sem deixar rugas. Se puder deixe a porta ou a janela fechada por um período de um ou dois dias. Após isto, o silicone deverá estar duro e aí já o papel de alumínio e o excesso com ajuda de uma faca. Pode também usar calhas de borracha para evitar a entrada de ar por debaixo da porta. A calha a comprar deve ter uma largura e uma espessura adequada. Pode também se preferir, colocar no mesmo lugar uma fita de escova em nylon ou uma tira metálica com PVC. Os cortinados, especialmente os mais pesados, também conseguem proporcionar um bom isolamento térmico. Por outro lado os vidros duplos, podem ser uma boa forma de isolamento e são o método mais escolhido, mas são uma opção mais dispendiosa e a sua eficácia não é assim tão elevada. Os vidros duplos têm uma boa vantagem: não embaciam quando há o risco de condensação.

Paredes

Quanto maiores forem as janelas, maior será a probabilidade de perder calor por elas. Para isolar as janelas deve-se ter em atenção ás suas possibilidades e necessidades e o tipo de parede em questão.

- Paredes duplas: basta ter a caixa de ar entre as duas paredes para se adquirir um bom isolamento térmico. Se mesmo assim o quiser aperfeiçoar, deve fazê-lo na fase de construção da casa, podendo assim revestir uma das faces interiores da caixa de ar com esferovite.

- Paredes simples: há vários materiais destinados ao forro das paredes exteriores pelo lado de dentro. Um deles é o esferovite. No entanto este tipo de tarefa é complexa, pois temos de tirar e voltar a colocar o rodapé, os caixilhos das portas e janelas e as tomadas e interruptores eléctricos. Depois de colocar o material isolante, irá ter de estucar a parede de novo. desta forma, é aconselhável pedir a ajuda a um profissional. Se quiser um fazer um isolamento de uma forma mais simples pode forrar a parede com cortiça decorativa.

Como proceder ao isolamento térmico:

Se conseguir um bom isolamento térmico, o nível de fuga do calor doméstico é menor ajudando assim a proteger a canalização e reduzir os danos durante o Inverno. As divisões da sua casa podem ser isoladas de diferentes formas. A maioria das tarefas de isolamento feitas por um profissional. O custo ao pagar a um profissional irá ser compensado com a poupança de energia.

- Telhados e canalização

Como qualquer tarefa de bricolage, esta pode ser dividida em fases.Calcula-se que cerca de 25 % do calor é desperdiçado através do telhado. desta forma o telhado é um bom ponto de partida para iniciar um projecto de isolamento térmico. Deve ter em atenção que as canalizações existentes no telhado são as que correm mais risco de congelamento.

Canos

Em Portugal o clima é ameno e há poucas regiões onde é preciso isolar os canos. Se eventualmente viver numa dessas zonas em que o Inverno é muito rigoroso e com temperaturas muito baixas convém deste modo fazer um isolamento nos canos. Se tiver um contador de água fora de casa, para o isolar pode construir uma caixa de madeira com as dimensões do contador. Depois forre a caixa com lã de rocha ou de vidro de forma a duplicar o isolamento. Deve de igual forma fazer o isolamento térmico do espaço entre o contador e a parede. Este tipo de operação pode ser aplicado da mesma forma para as torneiras exteriores.

Os canos de água para não perderem calor devem ser também da mesma forma isolados. Se os canos forem de água quente a melhor forma de isolá-los é através de tubos de isolamento de espuma de borracha. Estes devem ser fechados com fita adesiva ou cola. Se isto não for possível utilize fita de espuma de plástico, fibra mineral ou fibra de vidro. As torneiras e as válvulas de segurança também podem ser protegidas, somente deixando livre o manipulo. As curvas e uniões devem ficar bem protegidas.

Nota: Ao usar lã de vidro, tome cuidado para que esta não entre em contacto com a pele. Para sua protecção use luvas. Quando terminar a tarefa deve lavar bem as mãos e os braços com água corrente.

A importância da segurança

Antes de qualquer tarefa deve adquirir roupa de protecção adequada. deve ter ao seu alcance:

• Fato-macaco e luvas para proteger do pó.

• Óculos e máscara de protecção facial.

• Um capacete de segurança, esta peça é fundamental quando se trabalha em espaços confinados.

Materiais de isolamento

Para eliminar a perda de calor pode aplicar um isolamento entre as vigas. A escolha do tipo de isolamento vai depender da sua escolha pessoal ou da facilidade de aplicação desta. Alguns tipos de isolamento são bastante simples e não são tão agressivos para a pele. Qualquer que for o tipo de isolamento térmico a usar, este deve ser colocado a uma profundidade de 200 mm. Para atingir esta profundidade nem sempre é fácil. De igual forma, se a área do telhado possuir pavimento, este pode restringir a profundidade do isolamento. Neste caso, o pavimento terá de ser levantado para aplicar o isolamento entre as vigas.

Isolamento de lã mineral

Este tipo de isolamento consiste em rolos de fibra de vidro, fibra mineral ou fibra de rochas, que são desenrolados entre as vigas. Estes rolos são compostos com várias larguras de forma a se adaptarem ao espaço entre as vigas. Um rolo normal mede aproximadamente 6-8 m de comprimento, porém existem tamanhos mais pequenos. Existem materiais que provocam irritação na pele. Devido a isso use sempre luvas quando aplicar o isolamento.

Isolamento granulado ou em pó

Este tipo de isolamento é vendido em sacos e é simplesmente deitado entre as vigas e nivelado com as suas superfícies superiores. Apesar de ser fácil de manejar e de espalhar, as variedades em pó, como a vermiculite, podem ser muito desagradáveis para se trabalhar. O material pode ter tendência a desaparecer se a área do telhado sofrer muitas correntes de ar.

Painéis isoladores

Os painéis isoladores são leves e fáceis de manusear, porém alguns como a lã mineral, provocam irritações de pele. A largura destes isoladores adapta-s com facilidade aos espaços entre as vigas. Para obter uma boa barreira de som, use isoladores de elevada densidade.

Compras essenciais

Para se ter um bom isolamento não é preciso gastar muito dinheiro. Os produtos mais eficazes não são assim tão dispendiosos e em pouco tempo estará a poupar. Todos os tanques no telhado para armazenar água devem ser protegidos contra o frio. Este processo de isolamento dos tanques, são na verdade nalgumas empresas de fornecimento de água exigido por lei. Para isolar este tanques existem materiais próprios almofadados. Do mesmo modo as canalizações dispostas no telhado devem ser isoladas com materiais adequados de forma a evitar qualquer congelamento.

Algumas sugestões práticas:

• Para os tanques de armazenamento de água que não tem isolamento deve reservar algum espaço por baixo de modo a que o calor que sobe possa evitar o seu congelamento.

• Deve fazer o isolamento térmico do alçapão de acesso ao telhado com isolamento de lã mineral, aplique depois um plástico. O plástico pode ser fixado com cola ou pregos.

Isolar paredes e pavimentos

As paredes são a parte mais importante da casa e devem por isso ser bem isoladas de modo a não perder o calor ou o fresco do interior da casa. O tipo de isolamento a aplicar irá depender muito da forma da construção da casa. Por exemplo se tiver paredes maciças há um método diferente do casos das paredes que são ocas. É muito importante que o chão também seja isolado pois 15 % do calor perde-se através dos pavimentos.

Perda de calor nas paredes

As paredes sofrem uma perda de calor com cerca de 35%. O melhor método para isolar as paredes que são ocas é contratar um profissional da área. Mesmo que gaste algum dinheiro é mais vantajoso e alongo prazo irá compensar o dinheiro gasto. No caso das paredes maciças pode injectar uma espuma própria, esferovite ou fibras minerais na cavidade através de orifícios feitos na parte exterior da parede. Este tipo de trabalho deve ser elaborado por um bom empreiteiro.

Como aplicar:

Isolar as paredes interiores de uma casa pode ser feito por qualquer um. Pode colocar placas térmicas de pladur em paredes secas e paredes exteriores. Outra forma de isolamento é adicionar uma moldura de madeira à parede e depois revesti-la com painéis, lã mineral e pladur. Para não correr o risco de condensação, agrafe um revestimento plástico ao material isolador. A desvantagem para as duas formas de isolamento é que irá perder alguma área de chão na divisão. Pode-se perder cerca de 50 mm se usar pladur térmico e mais ainda se se quiser criar uma parede divisória. Por outro lado, o conforto que proporciona e a poupança de custos, compensam os gastos e o trabalho. Se a parede de pladur for robusta, as placas podem ser facilmente fixas com cola. Deve aplicar sempre uma barreira anti-vapor.

Algumas sugestões práticas

• Os revestimentos de parede em tecido conseguem dar um bom isolamento. Os tapetes e os cortinados também conseguem manter o calor e reduzir o som.

• Para ter um ambiente mais silencioso apliques isolamento acústico nas paredes.

Pavimentos com problemas de excesso de ventilação

Se pretender fazer um isolamento em soalhos grandes cavidades por baixo, irá sem dúvida ser trabalhoso.O melhor é não o fazer. Pode no entanto substituir o soalho velho por um novo. O método de isolamento é o semelhante à aplicação de isolamento de telhado. deve encontrar encontrar uma forma de apoiar o material isolador entre as vigas. Para fixar o isolamento use uma rede de nylon agrafada aos lados das vigas. Estique bem a rede antes de a pregar às vigas para que o isolamento não descaia deixando entrar ar frio. Algumas ripas de madeira entre as vigas seguram o isolamento em painéis. Se tiver um soalho com correntes de ar o melhor é colocar um bom forro sob o tapete e encher as fendas entre as tábuas com massa especial.Um método mais fácil de resolver problemas de soalhos com correntes de ar é pôr um bom forro sob o tapete e também encher quaisquer fendas entre as tábuas com massa. As fendas mais largas devem ser revestidas com tiras de madeira feitas à medida. Depois de coladas, deve-se passar uma plaina pelas tiras para ficar ao mesmo nível do soalho. Para os pavimentos de betão sem qualquer revestimento o isolamento é feito cobrindo a área com painéis de poliestireno, revestidos por uma placa de politeno. Depois aplica-se por cima deste, um soalho flutuante de aglomerado de madeira com uniões de macho e fêmea. Deve deixar um espaço de 9 mm entre o aglomerado de madeira e a parede para permitir a expansão. Convém colocar um novo rodapé. A caixa de ar sob o soalho flutuante ajudará a manter a área quente. A aplicação de um chão por cima de outro irá muito provavelmente criar algumas alterações, pois o novo pavimento ficará mais alto. Neste caso, as portas terão de ser retiradas e aplainadas. As arquitraves à volta das portas também terão de ser adaptadas.

Sugestões práticas

• Para expandir calor por toda a divisão coloque uma prateleira cerca de 150 mm por cima de um radiador.

• Pode usar papier-mâché, uma mistura feita de pedaços de jornal e de uma solução espessa de cola de papel de parede, para reparar pequenos orifícios nos soalhos. Acrescente tinta de madeira que combinando com a cor do soalho e depois passe uma lixa.

• Se o soalho estiver em muito más condições, cubra a área com painéis de cartão de fibra prensada ou contraplacado de madeira.

Fendas a fechar

As correntes de ar não passam somente à volta das portas, mas também através destas. Isto é é muito simples de resolver. Pode optar por comprar coberturas de buraco de fechadura. Estas são baratas. Pode também aplicar uma tampa do tipo escova ou de borracha fixa no interior de uma caixa de correio que esteja inserida num portão ou numa porta. Estas tampas impedem que qualquer coisa, além do correio, entre através desta.

Portas e janelas

As portas e janelas são as principais fontes de correntes de ar existentes na casas. Felizmente existem muitas soluções para resolver este problema. As janelas são responsáveis por cerca de 10 % da perda de calor. Umas das solução colocar vidros duplos, no entanto mas esta é a solução mais dispendiosa e pode-se demorar cerca de 20 anos a recuperar o investimento em termos de poupança de energia. Deste modo as fitas de calafetagem são um método pouco dispendioso de tapar fendas à volta das janelas e portas. Estas fitas são auto-adesivas e de fácil aplicação. Se optar por fitas de espuma, estas pode não resolver completamente o problema. Não escolha as fitas mais mais baratas, pois normalmente estas ficam comprimidas e não desempenham a sua função adequadamente. Compre produtos que tenham garantia entre dois e cinco anos. Estes serão de fácil remoção e substituição se desejar melhorar o sistema de calafetagem. As juntas auto-adesivas de borracha, normalmente com perfis em “E” ou “P”, são mais caras, mas são melhores em termos de eficácia e de duração. As janelas de caixilho são mais fáceis de calafetar do que as de guilhotina. A forma mais eficaz de impedir as correntes de ar de entrar pelas partes laterais das janelas de guilhotina é fixar uma fita com escova de nylon. O topo e o fundo não necessitam de tratamento especial, uma vez que neste caso não se pode usar nenhum dos produtos recomendados para janelas de caixilho. As massas de enchimento de silicone são boas para encher espaços grandes ou irregulares à volta das janelas e portas. Existem diversas cores: branco, castanho e castanho-claro. Use uma pistola de calafetagem para as aplicar mais facilmente, embora também haja produtos que não necessitam de pistola. Para aplicar a massa de enchimento de silicone, limpe a massa.

Como manter o equilíbrio

As principais áreas a isolar são as janelas, portas, chaminés e alçapões de acesso ao telhado. Os rodapés e os espaços entre as tábuas do soalho não devem ser esquecidos. No entanto, deve-se ter um certo equilíbrios, pois de isolar todos os cantos da casa sem deixar entrar o ar pode correr o risco de haver condensação. Deve então deste modo é calafetar todos os locais da casa por onde entra o frio, deixando alguma ventilação sob a forma de grelhas, respiradouros de tijolo e ventoinhas de extracção.

Como isolar portas e janelas

Por muito pequenas que sejam as fendas na construção de uma casa, estas podem se tornar bastante desconfortáveis. Calcula-se que cerca de 15 % da perda de calor é devido a um mau isolamento ou à falta deste. Para remediar a situação pode instalar materiais isoladores, estes são fáceis de aplicar e são pouco dispendiosos. Um isolamento eficaz impede o calor de sair e torna a casa mais quente eliminando as correntes de ar.


Fonte: http://www.facavocemesmo.net/isolamento-termico/

Resíduo de tratamento de água é útil para recompor calçadas






11-Ago-2011

Pesquisa da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP mostra que o lodo produzido em Estação de Tratamento de Água (ETA) pode ser usado na confecção de concreto para recomposição de calçadas. O concreto pronto tem a propriedade de encapsular resíduos metálicos perigosos presentes no lodo, evitando que causem riscos à saúde. O reaproveitamento também evita que o lodo seja lançado na natureza, contaminando o ambiente.

Corpo de prova de concreto com teor de lodo em torno de 10% na mistura

Os experimentos utilizaram o lodo produzido pela ETA de Mirassol, no interior de São Paulo. “Este resíduo normalmente não é reaproveitado, sendo simplesmente descartado em corpos hídricos, podendo atingir áreas de mananciais e comprometer o abastecimento de água”, conta o professor Valdir Schalch, da EESC, que coordenou a pesquisa.

Na ETA foi utilizado o Cloreto de Polialumínio Composto (PAC), um produto químico que é aplicado para induzir a formação do lodo por meio de coagulação. O resíduo foi levado para o Laboratório de Saneamento da EESC, onde passou por ensaios de lixiviação e solubilização. Em seguida, no Laboratório de Construção Civil da Escola, aconteceram os ensaios de utilização do lodo na produção de concreto.

Os pesquisadores elaboraram três traços de concreto, cada um com diferentes proporções de lodo, cimento, areia e brita. “Os melhores resultados surgiram com teores de lodo em torno de 10% na mistura”, destaca Schalch. “A espessura para que o concreto possa ser aproveitado em calçadas é de aproximadamente 5 centímetros”.

Viabilidade

O lodo da ETA de Mirassol foi classificado como resíduo “Classe II A”. Apesar de não ser perigoso e nem inerte, ele contém teores elevados de cádmio, chumbo e manganês, metais que podem trazer riscos à saúde humana. “Quando o concreto é utilizado na calçada, esses metais ficam encapsulados, e o risco de contaminação se torna bastante reduzido”, ressalta o professor da EESC.

Lodo em estado bruto recolhido na Estação de Tratamento de Água (ETA)

De acordo com Schalch, o uso do lodo para confecção de blocos usados na construção de casas e edifícios não é recomendado, pois não existem normatizações reguladoras específicas, o que levou a sua utilização em calçamentos. “O concreto apresentou resultados satisfatórios para ser utilizado em recomposição de calçadas”, acrescenta.

O reaproveitamento do lodo diminui os custos da destinação final do resíduo. “A nova Política Nacional de Resíduos Sólidos, regulamentada pelo Decreto 7.404/2010, no que diz respeito aos resíduos de serviços públicos de saneamento básico, estabelece que eles não devem ser lançados em corpos hídricos, como rios e lagos”, afirma o professor. “Por isso, a reutilização para produção de concreto é uma alternativa ambientalmente adequada”.

A pesquisa faz parte da dissertação de mestrado do engenheiro Alvaro José Calheiros da Costa, apresentada no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Hidráulica e Saneamento da EESC da USP. O estudo teve orientação do professor Valdir Schalch, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Saneamento da EESC.

Imagens: cedidas pelo pesquisador
Mais informações:
Contato: Prof. Valdir Schalch
Tel.: (16) 3373-9543 e 3373-9571
E-mail: vschalch@sc.usp.br
Por Júlio Bernardes da Agência USP de Notícias

Fonte: http://www.saocarlos.usp.br/index.php?option=com_content&task=view&id=6538&Itemid=171

SISTEMA DE REÚSO DE ÁGUA

No projeto de reúso de água o sistema é percorrido em seu tratamento através da ação da gravidade para que o efluente vença todas as etapas do sistema e finalmente se acumule como água de reúso em uma célula exclusiva da cisterna da própria edificação. Um sistema de recalque específico (sem acrescentar mais custos aos condomínios) encarrega-se de transportar a água de reúso para o reservatório superior exclusivo para esse fim, para uma reserva com um ganho de altura manométrica que possibilitará o uso da água em uma rede proprietária atendendo a pontos de consumo ditos não potáveis na edificação.

Em resumo, o principal objetivo a se atingir é o consumo racional da água de modo que se tenha uma economia significativa nos custos de manutenção do condomínio que será formado para o desfrute do empreendimento pelos seus futuros proprietários e a preservação dos recursos hídricos cada vez mais escassos.

Ainda no momento da concepção do empreendimento, seja ele comercial ou residencial a primeira providência é garantir o volume necessário de matéria prima (efluente) para a produção da água de reúso. Ocorre que o esgoto primário, assim como a gordura, não devem se misturar com as águas cinza (efluentes com sabão). Essa condição é fundamental para o processo. E essa providência será tomada no momento da concepção do projeto de infra-estrutura (instalações prediais), do empreendimento.

Sendo assim, afirmamos que os principais contribuintes do nosso sistema são: Box (chuveiros), lavatórios, tanques e máquinas de lavar roupas. São os efluentes destes elementos hidrosanitários a nossa matéria-prima. Reunir através de subcoletores estes efluentes é a primeira condição para realizarmos o reúso de águas cinza.

Posteriormente este efluente deve ser encaminhado e reservado em uma caixa específica com a função de acumulá-lo e desinfectá-lo. É ainda nesta caixa de acumulação que se inicia o tratamento químico de todo o processo. Ela também garante a altura manométrica necessária para que o sistema seja totalmente percorrido pelo efluente somente com a ação da gravidade e assim garantido a inexistência de equipamentos eletromecânicos.

A partir da caixa de acumulação e desinfecção o efluente é encaminhado aos FILTROS VERTICAIS DE REÚSO.

Os FILTROS VERTICAIS DE REÚSO têm a finalidade de substituir o sistema convencional de floculação dos sólidos em suspensão, que é eletro-mecânico (agitadores/floculadores, com uso de energia elétrica e maquinário), por um sistema limpo e inovador que funciona pela ação da gravidade. Os diversos materiais utilizados como meio filtrante promovem a floculação dos particulados levando-os à sua decantação. Periodicamente os filtros são limpos através de drenos (expurgo).

Os FILTROS VERTICAIS além de não usarem energia elétrica nem materiais caros, filtros esses que são a nossa patente, não necessitam de retro lavagem, pois utilizam polímeros no seu processo e o material filtrante não comata (quando os resíduos não deixam o líquido passar), nem sofrem desgastes comuns como nos outros filtros que já conhecemos.

Neste processo dos FILTROS VERTICAIS DE REUSO a maior parte dos sólidos em suspensão é eliminada por drenagem e/ou expurgo (dentro das normas que regem a matéria, tanto nacional quanto internacional).

O custo operacional dos filtros verticais é pequeno, irrelevante se comparado a outros custos com despesas diversas, não requerendo pessoal em tempo integral para a sua operação e também não necessita de material de reposição;

“Uma grande virtude inerente aos filtros verticais que compõem o sistema de reúso é sua propriedade de se adequar à edificação sem agredir a plástica do seu conjunto arquitetônico.”

Ao fim deste processo o que obtemos é água de reúso. No entanto, enquanto não dispomos de legislação específica para a disciplina e como essa água pode apresentar ainda certa turbidez, se faz necessário a aplicação dos FILTROS HORIZONTAIS LENTOS.

OS FILTROS HORIZONTAIS LENTOS


A principal função dos FILTROS HORIZONTAIS LENTOS é promover o polimento à água de reúso e garantir aspectos e padrões inerentes à água potável. Estes filtros são constituídos por caixas e chicanas por onde a água de reúso percorre seu trajeto lentamente. Estas caixas são preenchidas por cascalhos, areias em diversas granulometrias, seixos rolados e carvão antracito. Nesta etapa são retidas as impurezas que por ventura não foram totalmente sedimentadas no processo de floculação e decantação nos FILTROS VERTICAIS. A partir daqui a água de reúso já se encontra completamente clarificada. Porém, é preciso garantir a completa eliminação de todos e quaisquer microorganismos presentes na água através da cloração e da lâmpada de ultravioleta.

Após a filtragem pelos FILTROS HORIZONTAIS LENTOS, a água é tratada dentro de um reservatório com produtos químicos afins, principalmente “cloro de origem orgânica” (produto que não forma subprodutos cancerígenos), que garantirá a desinfecção e conservação, deixando a água segura para sua armazenagem e seu reuso nos pontos de consumo.

A partir daí a água de reúso já pronta é encaminhada ainda por gravidade para o reservatório inferior, cisterna de reúso, e posteriormente é bombeada para reservatórios elevados e destes ela se utiliza de redes proprietárias para chegar aos pontos de consumo. Pontos estes presentes nos apartamentos, ou seja, nos vasos sanitários, e pontos devidamente identificados nas áreas comuns do empreendimento onde possam ser utilizadas as águas de caráter não potável.

De toda água disponível no planeta, apenas 3% dela é doce. Com uma quantidade tão pequena de água disponível, é impossível falar de tratamento de água sem tocar na questão ambiental e em iniciativas ecológicas como o processo de reciclagem da água adotado pela SRA como um fator preponderante em iniciativas de conservação, preservação e uso racional da água. Mas, a reutilização da água não acontece apenas nas residências. Muitas empresas estão coincientes do seu papel para usar com sabedoria um bem tão precioso. De maneira geral todos ganham com a prática do reúso de água nas residências ou nas indústrias.

Veja o vídeo sobre a reportagem completa realizada e apresentada por Cidades e Soluções da GloboNews.

O vídeo trata da reutilização das águas cinzas, assim como, da utilização de coletores solares, hidrômetros individualizados, ampliação das áreas verdes e os cuidados com a iluminação e ventilação naturais dos ambientes, reduzindo as contas dos apartamentos de um conjunto habitacional para famílias retiradas de áreas de risco, em Cubatão (SP).


Fonte: SRA Engenharia e Cidades e Soluções-Globo News




Descarte e reciclagem

Veja onde descartar objetos obsoletos, como celulares e lâmpadas

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ROSANA FARIA DE FREITAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

De um ano para o outro, o seu computador fica obsoleto. O celular passa de item cobiçado a peça pré-histórica em questão de meses. Imagine se esses produtos, e mais baterias de carro, exames de raio-X e lâmpadas fluorescentes fossem dispensados como entulho comum.

Veja o especial Dia Mundial do Meio Ambiente
Veja imagens de depósito de pneus


Marlene Bergamo/Folhapress
Depósito da Utep em Guarulhos (Grande SP), onde pneus são triturados e reciclados
Depósito da Utep em Guarulhos (Grande SP), onde pneus são triturados e reciclados

As baterias de carro contêm chumbo, que gera problemas ao sistema nervoso, enfraquece os ossos, causa anemia. Essas substâncias tóxicas podem se instalar em seu corpo de forma simples: uma vez despejadas no solo, têm suas matérias-primas decompostas, são ingeridas por vermes e minhocas e, em contato com o lençol freático, entram na cadeia alimentar por meio das plantas. Como você é o último componente desse ciclo, consome as substâncias absorvidas ao longo do processo.

As lâmpadas fluorescentes contêm vidro e metal, e são compostas por fósforo e mercúrio. O fósforo favorece o surgimento de câncer e provoca lesões nos rins e no fígado; o mercúrio, se inalado, pode causar dor de cabeça, febre, fraqueza muscular. A esses "poluidores" se unem outros, como computador e pneu, todos com componentes tóxicos na composição.

O Brasil é o país que mais descarta computadores pessoais per capita --0,5 kg por habitante--, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Na China é de 0,2 kg por pessoa.

O número dessas máquinas vendidas no país sobe 15% a 20% ao ano: em 2010, atingiu 13,3 milhões, de acordo com a consultoria IT Data.

No mundo todo, são geradas 40 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos anualmente, sendo que apenas 10% passam por reciclagem de forma apropriada.

O trabalho de desmontagem e o reaproveitamento é pouco conhecido por aqui, segundo o Cedir (Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática da USP).

REAPROVEITAMENTO

Para entender a importância de dar destino certo ao velho aparelho de TV ou ao computador, é preciso se dar conta de que quase 50% dos eletroeletrônicos é composto de plástico e ferro, insumos largamente aproveitáveis. O chumbo volta à ativa como matéria-prima. O vidro das telas gera cerâmica vitrificada, empregada em pisos.

Grande parte do asfalto vem dos pneus que são dispensados adequadamente. Embora a valorização energética --em caldeiras de indústrias, por exemplo-- seja o principal destino, boa parte deles é utilizada para fazer asfalto ecológico, piso de quadras poliesportivas e artefatos de borracha, como tapetes e sapatos.

Segundo a Reciclanip, entidade responsável pela coleta de pneus e ligada à Anip (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos), em 2010 o Brasil reciclou mais de 300 mil toneladas de pneus, equivalente a quase 62 milhões de unidades de carros.

ONDE DESCARTAR

Jogar o lixo no lugar certo ajuda a sustentabilidade do planeta porque significa economia e aproveitamento de matéria-prima. Por isso, alguns países fazem recomendações oficiais para o descarte correto do produto.

No Brasil, uma iniciativa desse tipo seria de grande valia, porque só em São Paulo o volume mensal de compra de óleo é de mais de 20 milhões de litros, segundo pesquisa da Nielsen. Aqui, algumas empresas e hospitais fazem a coleta daquilo que já não serve mais para você.


Editoria de Arte/Folhapress


Fonte: Folha.com

Entulho da Construção Civil e Pneus Velhos

Atualmente agrava-se a disposição de resíduos, como o entulho da construção civil e demolição e os pneus velhos, inservíveis. Exemplificando a expressiva quantidade de resíduos gerados em grandes cidades, em São Paulo são dispostas cerca de 16 mil t de entulho por dia. Há estimativas de que são fabricados mais de 30 milhões de pneus por ano no Brasil e que muitas dezenas de milhões de pneus velhos encontram-se abandonados. Esses resíduos podem assorear os rios e são locais para a procriação de insetos e vetores de doenças. A disposição desses resíduos em aterros é legal, porém deve-se levar em conta que esses materiais são nobres e consumiram energia para serem produzidos. Desperdiçá-los em aterros, ocupando lugar e concorrendo com o lixo, não é uma solução social e economicamente sustentável.

O exemplo que se apresenta a seguir é uma utilização sustentável desses resíduos, aproveitando as melhores qualidades desses materiais, colaborando para a pavimentação de vias, que representam uma melhoria na vida das pessoas, organizando o uso do solo, tirando o pó das ruas e permitindo a trafegabilidade mesmo em dias de chuva. Além disso, retira o lixo das ruas e córregos, podendo gerar novos negócios e empregos.

O exemplo é a obra de pavimentação das vias internas do campus paulistano da USP na zona Leste, na cidade de São Paulo. Todo o sistema viário foi pavimentado com o que agora se chama "pavimento ecológico", produzido com camadas de agregado reciclado de entulho de obra e revestido com asfalto-borracha.

Materiais
Em 2002, duas importantes resoluções do Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente) estabelecem uma nova era para a reciclagem de resíduos no País: a de no 258 determina que as empresas que produzem ou importam pneumáticos sejam responsáveis pela disposição dos pneus velhos; e a de no 307 determina diretrizes para uma efetiva redução dos impactos ambientais provocados pelos resíduos de construção civil, sendo que a reciclagem é uma das alternativas apresentadas.

Reciclado do entulho
De maneira simplificada, a reciclagem dos resíduos de construção depende, em geral, de uma seleção prévia dos materiais ditos indesejáveis (como plásticos, madeira ou gesso, por exemplo), seguida de um processo de redução de tamanho (britagem), feita em instalação apropriada para essa finalidade, contando com uma etapa de peneiramento para a obtenção de materiais com determinados tamanhos. O produto desse processo é o agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil, que vem sendo empregado, entre outras formas, em pavimentação (figura 1).

A ABNT publicou uma norma nacional em 2004, denominada NBR 15115 - Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da Construção Civil - Execução de Camadas de Pavimentação - Procedimentos. Essa especificação traz algumas exigências quanto ao material e quanto ao seu uso, sendo que algumas delas estão listadas na tabela 1.

Como pode ser verificado, o ensaio de Índice de Suporte Califórnia é o parâmetro exigido quanto à resistência do material.

Embora não conste na NBR 15115, o módulo de resiliência também é considerado um parâmetro importante na caracterização do agregado reciclado, uma vez que esse valor está relacionado com o desempenho do material em campo. Os resultados que vêm sendo obtidos são similares aos de brita graduada simples, material granular convencionalmente usado em pavimentação no Brasil.

O custo dos agregados reciclados é inferior aos granulares tradicionais como a brita graduada simples e a bica corrida, com 30% a 50% de redução dependendo das distâncias de transporte para a obra.

Asfalto-borracha
Esse ligante é produzido em empresas especializadas que adquirem a borracha de pneus já moída e incorporam-na no asfalto. De maneira simplificada, o uso de asfalto-borracha na usinagem de concretos asfálticos resulta em camadas de revestimento com maior resistência ao trincamento e às deformações permanentes (afundamentos).

Isso porque a mistura asfáltica adquire um pouco da capacidade elástica da borracha, passa a ser capaz de se deformar mais durante a passagem de veículos pesados e a voltar à mesma forma de antes, com menor risco de deformações indesejáveis. Com isso, a vida útil dos pavimentos é maior. Além disso, o negro-de-fumo, substância presente na borracha, protege o asfalto contra o desgaste químico, decorrente de sua exposição a raios infravermelho e ultravioleta, muito intensa em um país tropical como o Brasil. Esse desgaste envelhece precocemente o asfalto.

O asfalto-borracha é um pouco mais caro que o asfalto convencional, mas sua durabilidade também é maior.

Projeto
O projeto de dimensionamento foi feito pelo método clássico do DNIT (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes) para pavimentos flexíveis e toda a estrutura foi analisada quanto às deformações e tensões por análise computacional. Dada a presença de solo muito mole como subleito, a estrutura previu uma camada de regularização e reforço do subleito de solo importado laterítico, com CBR de no mínimo 12%, duas camadas de agregado reciclado de entulho, com 15 cm de espessura cada uma e um revestimento asfáltico do tipo concreto asfáltico usinado a quente com asfalto-borracha.

Para os cálculos, pode-se igualar os agregados reciclados como se fossem uma base de brita graduada simples. Utilizou-se para o asfalto-borracha as mesmas características de projeto que um concreto asfáltico comum, mas conta-se que sua durabilidade seja pelo menos 50% maior que o concreto asfáltico comum, pelos ensaios de laboratório realizados.

Execução
Recebimento de agregados reciclados

Com relação ao recebimento de materiais, é importante verificar se os agregados reciclados atendem ao especificado pela NBR 15115 ou pelo projeto de pavimentação. Fatores mais importantes: porcentagem de materiais indesejáveis, porcentagem de material fino, dimensão característica máxima dos grãos e Índice de Suporte Califórnia. Antes da aplicação do agregado reciclado, devem ser feitos ensaios para determinar a granulometria, a forma, a umidade ótima e o Índice de Suporte Califórnia. Os ensaios devem ser realizados de forma sistemática na obra, principalmente com o recebimento de lotes visualmente distintos.

Distribuição e compactação de agregados reciclados

As camadas de agregado reciclado possuem de 10 a 20 cm de espessura acabada (após compactação), e essa dimensão depende do dimensionamento estrutural. A distribuição do agregado reciclado pode ser feita com motoniveladora, em espessura uniforme, sem produzir segregação. Para a compactação, recomenda-se que sejam utilizados rolos compactadores do tipo pé-de-carneiro vibratório ou liso vibratório (figura 2).

Recomenda-se que seja empregada a energia modificada para a compactação. Pesquisas indicam que o aumento da energia de compactação implica melhora significativa no comportamento dos agregados reciclados. Além disso, deve ser empregada uma alta energia de compactação para que as quebras dos agregados ocorram durante o processo construtivo e não ao longo da vida útil do pavimento.

Devido à quebra de agregados, pode ser que seja requerida a molhagem complementar para continuar a compactação. É importante verificar se após a compactação o agregado reciclado continua atendendo as especificações de projeto, ou ainda, se após a compactação ele passa a atender.

Imprimação da base e revestimento asfáltico

Antes de receber o revestimento, sobre a camada de base deve ser executada uma imprimação impermeabilizante com asfalto diluído CM-30.

Após cura da imprimação, a mistura asfáltica, produzida em usina de mistura asfáltica a quente, é trazida para a obra em caminhões basculantes. A mistura asfáltica é inserida em equipamento denominado pavimentadora (figura 3) que distribui em espessura controlada e pré-vibra a mistura. A temperatura deve ser controlada e a compactação deve ser iniciada de imediato com rolos de pneus e posteriormente com rolos lisos para dar o acabamento.

Controle da qualidade
Controle tecnológico de execução

Além do controle de recebimento de materiais, que se fundamenta nas propriedades físicas e mecânicas dos agregados reciclados, é importante garantir a qualidade do pavimento executado. O controle tecnológico de execução tem como finalidade verificar se as condições de compactação determinadas e especificadas em laboratório foram atendidas no campo. Deve ser exigida a densificação máxima do material, para prevenir deformação permanente ao longo da vida útil do pavimento (afundamentos em trilhas de rodas), além de determinações de umidade, granulometria etc. O controle do revestimento asfáltico é principalmente referente à extração de corpos-de-prova para estudo da granulometria, teor de asfalto usado e grau de compactação. Todas as espessuras foram controladas.

Na obra da USP Leste, para um controle de várias propriedades de modo a entender melhor esse material, foram realizados ensaios de medida de deformabilidade. Os ensaios podem ser realizados sobre as camadas compactadas utilizando viga Benkelman (figura 5) e FWD (Falling Weight Deflectometer) (figura 6).

Conclusão
Com esses ensaios de deformabilidade no campo, chegou-se à conclusão de que os agregados reciclados de entulho mostram-se muito similares à brita graduada simples. Aconselha-se utilizar os agregados reciclados em camadas de reforço do subleito ou como sub-base. Como camada de base, por uma questão de cautela, aconselha-se somente para vias de tráfego muito leve e leve.

A camada de revestimento de asfalto-borracha mostrou um comportamento muito flexível, o que auxiliará no desempenho do pavimento, sem surgimento de trincas precocemente ou buracos. Passados quase três anos do início da obra do primeiro trecho, o pavimento apresenta-se em excelente condição. Espera-se que a durabilidade do pavimento, até que este passe por restaurações específicas e limitadas, seja de no mínimo dez anos de vida útil.

As obras de mais de 2 km de extensão do sistema viário da USP Leste mostraram que é possível fazer uso de materiais reciclados em pavimentos, com bons resultados e durabilidade, beneficiando ainda o meio ambiente.

Liedi Bariani Bernucci, professora titular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Fabiana da Conceição Leite, mestre em Engenharia de Transportes pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Rosângela dos Santos Motta, doutoranda em Engenharia de Transportes - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Leia Mais


  • NBR 15115: Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil - Execução de camadas de pavimentação - Procedimentos. ABNT. Rio de Janeiro, 2004.

  • Comportamento mecânico de agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil em camadas de base e sub-base de pavimentos. F. C. Leite. Dissertação (Mestrado). Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2007.

  • Estudo laboratorial de agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil para aplicação em pavimentação de baixo volume de tráfego. R. S. Motta. Dissertação (Mestrado). Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2005.

    Fonte: Revista Téchne