quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Portugal pouparia com pavimentos mais espessos


2011-11-10



Pavimentos de maior capacidade ficam mais baratos
O recurso a pavimentos mais espessos do que os habitualmente usados em Portugal acaba por ser mais económico a longo prazo, defendem investigadores da Universidade de Coimbra, que desenvolveram um sistema de análise económica de estruturas de pavimentos rodoviários.

O software, designado por OPTIPAV (OPTImização de PAVimentos), foi criado por João Santos e Adelino Ferreira, do Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Coimbra (UC) e consta de um artigo publicado no «International Journal of Pavement Engineering».
Na análise económica feita a partir do novo sistema, são tidos em conta factores como os custos de construção, de conservação e para os utentes e o valor residual da estrada no seu fim de vida (40 anos), disse Adelino Ferreira, que dirige o Laboratório de Pavimentos Rodoviários daquele departamento.

O Manual de Concepção de Pavimentos para a Rede Rodoviária Nacional considera um período de vida de 20 anos para os pavimentos flexíveis, mas refere a importância de ser efetuada uma análise económica para um período não inferior a 40 anos e de os referidos parâmetros serem tidos em conta.

“O problema é que este tipo de análise económica nunca foi efetuada em Portugal”, afirmou Adelino Ferreira, considerando que o software desenvolvido faculta esse estudo, permitindo a escolha de “estruturas de pavimentos rodoviários mais económicas a médio/longo prazo para as estradas portuguesas”.

Segundo Adelino Ferreira, a empresa Estradas de Portugal tem um sistema de apoio à decisão, desenvolvido também pelo laboratório da UC, em 2007, mas apenas para a gestão da conservação dos pavimentos.

Uma das conclusões a que se chega a partir da análise económica é que, “embora os custos de construção sejam mais elevados, a utilização de pavimentos de maior capacidade estrutural fica muito mais barata a longo prazo, porque implica menos intervenções de conservação e representa também uma poupança para os utentes”.

Nos Estados Unidos da América começam a estar em destaque os chamados “pavimentos perpétuos”, em que a reparação implica apenas a remoção dos primeiros centímetros em que o pavimento apresenta degradações”, disse o docente universitário.

“O que está por baixo da camada de desgaste, como tem muita capacidade estrutural devido à sua espessura e à qualidade dos materiais utilizados, está sempre impecável e não precisa ser removido”, explicou. OPTIPAV é um projecto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia que já colheu o interesse de uma concessionária de estradas portuguesa.

Fonte: Revista Ciência Hoje, Portugal.